segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Aquecimento Global e a Escassez de Água

Por Paulo Sergio A. Cruz
Professor Universitário, Economista, Consultor Técnico da Aliança Cooperativa Internacional – ICA - e Editor Chefe da revista Tendências do Trabalho – e-mail : psergiocruz@tendenciasdotrabalho.com




Conforme é do conhecimento de todos, a Terra é composta por ¾ de água. Desse total, 97% é de água salgada, 2% de geleiras, praticamente inacessíveis ao Homem e apenas 1% de água doce.

Não é muito difícil de imaginar que, dentro de alguns anos, estaremos sofrendo com o grande problema da escassez de água doce no planeta, uma vez que a tecnologia de dessalinização , apesar de conhecida, tem ainda um custo maior na sua aplicação, comparado com os resultados alcançados.

O crescimento da população mundial é um outro fator que assusta bastante, na medida em que sabemos que, nos últimos 50 anos, pulamos de 2,5 bilhões de habitantes para, aproximadamente , 6,3 bilhões. A estimativa mais plausível, em função de dados estatísticos mais atualizados , é de que estejamos beirando a casa dos 11 bilhões de habitantes, no limiar de 2.050.

Existem estatísticas recentes da ONU, que apontam que , já em 2050, teremos cerca de 2,7 bilhões de habitantes, que só conseguirão sobreviver, com severas restrições com relação ao consumo de água.

Para complicar ainda mais a situação, a má gestão dos recursos naturais, o desperdício, o crescimento industrial acelerado dos países emergentes, com destaque para a China e Índia, a falta de infra-estruturas físicas mais adequadas, a burocracia, os interesses econômicos das nações mais desenvolvidas , têm contribuído, ainda mais, para agravar esse problema, que já é muito grave, que já está tomando cores de uma verdadeira catástrofe, previamente anunciada.

As últimas estatísticas da ONU de 2007, apontam para o impressionante número de 1 bilhão de pessoas que não têm acesso á água potável e 2,6 bilhões, representando mais de 40% da população mundial, que não contam com saneamento básico. Isto torna a situação ainda mais grave, quando sabemos que apenas um litro de esgoto, lançado por exemplo num rio, é capaz de poluir ou tornar imprópria para o consumo, mais de 100 litros de água.

Por outro lado, de acordo com estudos recentes das organizações responsáveis pela saúde, a falta de saneamento básico, já é responsável por mais de 80% das mortes entre crianças, sendo também responsável pela ocupação de mais de 50% dos leitos disponíveis, por exemplo, na rede hospitalar pública no Brasil , onde, a cada dia, cresce mais o número de internações de pessoas, acometidas por doenças, oriundas ou transmitidas pela contaminação da água.

Um outro fator de alarme nesse contexto é aquele que correlaciona o aumento do aquecimento global, com o aumento dos índices de evaporação de água no planeta. As previsões da ONU, neste caso, chegam a ser catastróficas a longo prazo , caso não sejam tomadas providências urgentes, principalmente quanto a validação e aceitação do protocolo de Kioto, por parte dos Estados Unidos e da China.

O Brasil possui 12% das reservas de água doce do planeta, cuja distribuição é a seguinte; 80% na região amazônica, e 20% restante, que atendem a 90% da população do país.
Os sistemas de abastecimento de água nas 9 regiões metropolitana mais importantes do país contam, basicamente, com a ocorrência de chuvas, em volume suficiente, para garantia do abastecimento de água. Caso esses níveis não ocorram, deixam como única alternativa possível o racionamento, que como bem sabemos, é uma solução onerosa, além de tremendamente desgastante.

Há mais de 30 anos, países ecologicamente mais responsáveis vêm criando diversos instrumentos de gestão e gerenciamento, no sentido de uma melhor preservação dos seus ecossistemas, bem como uma legislação mais adequada, com atualizações constantes, para esse fim, principalmente aquelas que visam a inibir comportamentos ecológicos indesejáveis, bem como normas que passam a incentivar práticas ambientalmente mais saudáveis, tudo isso com a finalidade da preservação dos meios hídricos disponíveis, cuja prioridade, conforme procuramos destacar nesse artigo, não pode mais ser relegada a um segundo plano. Ou preservamos agora o pouco que nos resta da água doce disponível no planeta ou seremos , irremediavelmente, condenados a conviver com a escassez desse precioso líquido, bem mais rápido do que podemos imaginar.

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